quarta-feira, janeiro 01, 2014

A última viagem de Gulliver



Na eleição passada eu votei em Marina. Queria distância da polarização imposta pelos dois candidatos principais que nos obrigava à uma radicalização de idéias. Como se o mundo só tivesse duas cores. Me senti como o personagem Gulliver em sua última viagem.
Na última parte de sua viagem, Gulliver vai parar em uma ilha onde uma raça superior de cavalos “inteligentes”, os Houyhnhm, que representavam os ideais iluministas, satirizavam os Yahoo, uma raça “primitiva” de humanos. No livro os Houyhnhm tentavam impedir que os Yahoo tivessem acesso ao conhecimento e se tornassem “cultos”, o que certamente desvirtuaria seus ideais. Nunca concordei inteiramente com a visão de Jonathan Swift.
Votei em Marina pelo seu programa de governo, mesmo ciente que o partido o qual representa é um balaio de gatos igual à qualquer outro. Iria votar em branco no segundo turno, quando me lembrei dos Houyhnhm. Eu não sou um Houyhnhm. Tampouco sou um Yahoo.
Votei na Dilma e no PT, apesar dela não ter programa de governo, mas porque o programa que ela representa foi referendado por mim há oito anos atrás. Votei na Dilma porque mesmo sabendo que a coligação encabeçada por ela não passa de um balaio de gatos também, mas tem alguns gatos mais bem intencionados e comprometidos com meus ideais. Votei na Dilma, mesmo sabendo que alguns dos setores que ela representa acharem que os fins justificam os meios, mas vivemos em uma democracia ainda forte o suficiente que nos permita contestá-los, como eu fiz na eleição passada e nessa.
Votei na Dilma, porque vivi a transformação do Nordeste e de boa parte de seu povo e estou ciente que essa transformação ocorreu também com pessoas semelhantes em outros lugares do Brasil de onde eu vim. Votei na Dilma, porque sou testemunha de que as políticas públicas idealizadas por muitos de minha geração já são realidade. Votei na Dilma, pois sei que falta muito para alcançarmos o país com o qual sonhamos, mas que aumentar o salário mínimo para R$ 724,00 e dar 10% para os aposentados só vai criar condições desfavoráveis para que realmente cheguemos lá.
Enfim, votei na Dilma porque não sou melhor e nem pior que os outros, mas prefiro ficar em paz com minha consciência. Ao contrário de Gulliver não penso que a humanidade não presta e que portanto alguns ideais justificam manter parte dela na ignorância ou que a cultura trará sabedoria e luz à todos. Aprendi que muitos dos piores homens da humanidade eram cultos e se passavam por sábios. E por último, votei na Dilma, porque aqui não é a Inglaterra de Jonathan Swift.

quinta-feira, julho 09, 2009

“Só faltam os detalhes técnicos”

Começo as minhas leituras logo pela manhã bem cedo, para não dizer de madrugada. Algumas são obrigatórias e entre elas, os posts do Fogonazos. Frequentemente me sinto compelido a compartilhar algumas postagens dele que valem a pena. Hoje venci a inércia e compartilho este que achei excepcionalmente útil. Ao menos para mim. A adaptação é livre e os links convertidos para o português. Deixo a polêmica sobre as versões da Wikipédia para depois.

O post original foi extraído de uma passagem no livro Hiperespaço de Michio Kaku. Quem o achar familiar, ele é figurinha constante em documentários sobre ciência, uma espécie de candidato à Carl Sagan, mas sem o brilhantismo e a elegância do astrônomo norte-americano.

“Todos os grandes nomes da física já haviam tentado resolver este problema e todos haviam fracassado. Einstein dedicou os últimos trinta anos da sua vida a sua teoria do campo unificado. Até o grande físico Werner Heisenberg, um dos fundadores da teoria quântica, passou os últimos anos de sua vida perseguindo a sua versão de uma teoria unificada dos campos e publicou um livro sobre o assunto. Em 1958, Heisenberg chegou a difundir através de uma rádio que ele e seu colega Wolfgang Pauli haviam finalmente tido êxito em encontrar a teoria do campo unificado e só faltavam os detalhes técnicos.

Quando a imprensa divulgou esta declaração surpreendente, Pauli se enfureceu porque Heisenberg havia feito prematuramente o anúncio e enviou-lhe uma carta que consistia de uma folha de papel em branco com uma nota de rodapé que dizia: <Isto é para demonstrar ao mundo que eu posso pintar como Tiziano. Só faltam os detalhes técnicos>”.

De certa forma, como disse no início desse texto, todos nós blogueiros nos achamos grandes escritores. Só faltam os detalhes técnicos… .

domingo, maio 03, 2009

Old Friends

A dupla Simon & Garfunkel cantava essa música com frequência, mas só muito recentemente, graças a série ER(merece um outro post) é que fiquei conhecendo o início dela, quase uma outra música que até nome tem: Bookends.

Mas esse post – mas uma vez bissexto, sinto – tem outro objetivo. Não adianta querer dizer que a TV isso, a Televisão aquilo, a mídia e etc e tal. Mas vivi minha juventude cercado de boa parte dos personagens que povoaram e povoam o nosso atual universo cultural (sim, Televisão é cultura). Frequentei baixo Leblon, não gostava das dunas da Gal, mas aprendia a pegar onda um pouco mais adiante no Leblon. E talvez por isso, com a frequência de boa parte das pessoas que interpretavam os personagens falados no dia a dia, passei a acompanhá-los na TV.

Uma dessa pessoas, foi o Rodolfo Bottino, pelo qual sempre despontava aquela surpresa quando eventualmente o via na telinha (Não é só como blogueiro, mas também como espectador sou bissexto). Simpatizava com ele. Era como se fossemos velhos amigos.

Não foi surpresa quando descobri a sua veia gastronômica e passei a acompanhá-lo no Shoptime (sim, sim, sou consumaníaco) e mais recentemente na TVE em reprises de um programa que mistura gastronomia e entrevistas.

Hoje, na Revista do Globo, descobri muito mais. Inclusive que ele tem um blog: http://youpode.com.br/blog/penacozinha e muito mais de sua trajetória.

Fiquei feliz, muito feliz, como se tivesse reencontrado um amigo. E o interlúdio da música da dupla me veio a memória:

Uma época foi-se
Foi-se uma época
Uma época de inocência
Uma época de confiança


Deve ter sido há muito tempo
Eu guardo uma foto
Preserve suas memórias
Elas são tudo o que sobra de você

domingo, março 15, 2009

O Menina, o Padre e o Papa

Qualquer semelhança é meramente proposital.

Imagine-se. Os sonhos são a sua esperança. A vida não foi tão generosa quanto você merecia. Não são materialidades, bem ou mal você tem o alimento para o corpo. Seu espírito, esse vai-se alimentando dali e acolá. Você com certeza já deve ter ouvido falar de um certo Deus, mas ele está tão distante quanto a cidade mais próxima da sua ou pior, quanto as imagens da sua televisão.

Aos poucos, como a vida, em sua concepção Darwiniana, corre normal mas nem todos a veem como tal: uma vida em crescimento. Infelizmente, a espreita, alguém resolve lhe tirar o sonho. E povoar seu sono com pesadelos. Você que pouco conhecia a dor, sente-a em toda a sua força. Não apenas físicamente, mas em seu íntimo e em seu espírito. Mas você a sente sem ao menos poder se manifestar. Séculos de discriminação e jugo se fazem sentir nos teus ombros. Mas lembre-se tudo o que você tem no mundo são sonhos, que aos poucos se esvanecem.

Você, que respeita a vida em todas as suas formas, de repente se vê atormentada. Pessoas ao seu redor, mas assustadas do que que temerosas por você, discutem. Alguém, auto-intitulado porta-voz daquele Deus que você nunca viu e nunca se preocuparam em dizer a você quem ele realmente era, sequer a ouve, mas inflige a sua cruel decisão: Você não deverá mais conhece-lo. Pouco a aflige essa proibição diante de tantas maldades as quais você foi submetida. Essa é um questão menor. Seu espírito é alimentado pelo que há de mais mundano. As alegrias do dia a dia, suas pequenas conquistas e, principalmente seus sonhos. Mas seus sonhos foram destruídos, suas alegrias também e ninguém, mas absolutamente ninguém, pensou em você e na sua vida. Só nas “questões paralelas”. As preocupações passam longe de como restaurar em você suas emoções, sua inocência, seu respeito e amor pela vida.

Aquele, que se auto intitula porta-voz daquele Deus que você pouco conhecia, aproveita-se da sua fama. Faz do calor da sua intrasigência uma brasa que queima o mais ateu do mortais. Não sei se é apenas intrasigência ou aquele sentimento a quem foram negados os sonhos. Você não sabe quem ele é, mas em sua mente ele se parece com aquilo que procuravam te atemorizar como a mais bestial das criaturas: um demônio.

Porém, o burburinho ao seu redor cresce. Alguns falam em uma tal ignonimía, muitas se compadecem. Mas a resposta não é para você. É para o tal do auto intitulado porta-voz. Vem de alguém acima dele. Mas ela apenas alerta, de qualquer forma deve ser restaurada a sua humanidade.

Tomara que prestem atenção nessas únicas palavras. Afinal a humanidade não foi feita de palavras, mas de atitudes. É tudo que lhe resta. Que se encerrem as discussões acaloradas sobre isso e aquilo que em nada explicam a você o tamanho do seu sofrimento. Resta-lhe apenas dar-lhe muito carinho, compreensão e conforto espiritual para que ao menos você possa voltar a sonhar.

A volta dos que não foram


Indignação. Sim, foi por este motivo que deixei este espaço por tanto tempo sem ser devidamente atualizado. A indignação não é um bom estado de espírito que o permita escrever o que você (porque não tiraram o acento de você??) realmente quer dizer.
No entanto descubro ao fazer meus artigos que a indignação pode eventualmente dar bons "posts" (porque não "publicações" ou será que os blogs ainda não atingiram o estado de maturação suficiente...).
Como dizem os puxadores de sabas-enredo: olha a indiganação aí, gente!
E é com este espírito que retorno. Com certeza, no momento eu sou o único estusiasmado com a minha volta. No entanto, se você estiver indignado, quem sabe ler um pouco do que costumo colocar aqui? E você ficar mais indignado ainda, basta colocar seu comentário: Este é um espaço democrático como deve ser o de todo blog. E portanto será devidamente publicado. Daí a merecer resposta são outros quinhentos...

sexta-feira, abril 25, 2008

Voluntário: Ser ou Não Ser, Eis a Questão.

Blog Voluntário

Voluntáriado não é mais uma moda que anda por aí. É uma filosofia de vida. É algo que você faz sem pensar no retorno, a não ser o de ajudar o próximo e buscar ser útil. Nínguém é uma ilha: estamos cercados de pessoas por todos os lados, algumas ansiosamente esperando a nossa ajuda, outras que nos serão eternamente gratas por um momento de atenção.

Ah...Mas eu não sei o que fazer... Puxa vida, eu não tenho tempo disponível... Se eu fosse ser voluntário, começaria ajudando em casa.... Esqueça as desculpas e lembre-se: Para realmente ser alguém, faça o que lhe der satisfação. Se ajudar ao próximo, de qualquer forma, não o satisfaz, tudo bem. O mundo não precisou de você até agora e na certa você não fará falta. Duro, né? Pois é, não somos lembrados pelo que nós somos mas pelo que nós fizemos de bom ou de mal. E se não fizermos nada, para que sermos lembrados? Talvez para justificar a nossa existência....

Começe por você. O que eu posso fazer? Quem sabe compartilhar esse enorme potencial de conhecimento que você adquire navegando por horas à fio na Internet. Já observou que a maioria dos sites tem sempre um link incentivando a compartilhar o que é de seu interesse ou até mesmo enviar por e-mail aquilo que chamou a sua atenção. Quantas vezes você já usou essa ferramenta? Ou você é um daqueles que prefere guardar o assunto para você para depois nas conversas mostrar estar por dentro? Cuidado! Você corre o sério risco de ouvir um: "esse eu já vi...".

Você não vai poder, inclusive, usar a desculpa do idioma. A Lúcia Freitas da uma dica muito boa para você superar isso. A maioria dos sites permite que você compartilhe de alguma forma aquilo que chama a sua atenção, mas alguns realmente merecem um destaque:

  • Youtube - Além de permitir que você organize os seus vídeos por categoria e de que você pode enviar a dica por e-mail ele ainda tem o recurso de compartilhamento para você manter seus contatos informados. Muito melhor do que ficar enviando links pelo msn, twitter , skype e o pior - o próprio vídeo por e-mail...
  • Google Reader - Show de bola. Na verdade começei a usar sem querer e preciso me aprofundar no seu uso. Mas você pode compartilhar com as pessoas do seu círculo o que você anda lendo na grande rede. Tanto faz: blogs, conteúdo rss, etc. E a integração com o GMail é total.
  • LastFM - Além da integração com o winamp, msn e skype, ele permite que você compartilhe seu gosto musical e ainda participe de grupos de discussão sobre os artistas preferidos. Minha segunda leitura preferida depois do PQPBach em termos de música.
  • Flickr - Pare de atulhar a caixa de entrada dos seus amigos com aquelas fotos que você quer mostrar. Organize-a em álbuns. As fotos são comprometedoras? Use o recurso de compartilhar  só com quem você quer.
  • del.icio.us - Tudo sobre a rede organizado em tags. Além de permitir ver o que os outros estão vendo, da para achar muita coisa legal

Existem inúmeras outras ferramentas muito legais. Você conhece alguma? Que tal compartilhar com a gente e colocar nos comentários.

Ok, você começou a compartilhar alguma coisa. De maneira impessoal, mas começou. Está na hora de você começar em pensar em compartilhar suas habilidades com outras pessoas. Você é "fera" em alguma coisa?  Então amanhã vou compartilhar com você algumas dicas de como você pode ser útil e ter satisfação com isso.

segunda-feira, março 17, 2008

Todo Mundo É Corrupto. Inclusive Você!

E eu também. Todos nós temos o nosso preço, essa é a verdade. Nua e crua. Doa a quem doer. Para Jurandir Freire Costa em artigo que consta no livro O Vestígio e a Aura, escreve, em outras palavras, que um ser humano só é capaz de reconhecer um semelhante quando tem algum interesse na relação. Talvez isso explique porque muitos não mais se surpreendam com a tragédia diária dos miseráveis em nossas ruas. A não ser que o pára-brisas esteja suficientemente sujo para justificar o pedido.

O que isso tem a ver com a corrupção? Muito. Na verdade, somos mais do que coniventes com ela. Se você observar, a maioria fala com um misto de admiração e inveja sobre os corruptos bem sucedidos. Continuam a conviver com eles, os cumprimentam  efusivamente se têm a opoturnidade e em alguns casos até votam neles, caso se candidatem. Memória curta, como dizem? Tenho cá minhas dúvidas.

Na verdade, se pudermos, damos uma gorjeta maior ao garçom não para recompensá-lo pelo bom serviço prestado, mas para garantir que a cerveja continue chegando bem gelada e na freqüência desejada na nossa mesa. Ou seja, somos corruptores por natureza. Me recordo de uma idéia que circulava na minha adolescência: Se vamos nos sujar, que não seja por pouco... . Toda a ética esquecida ou pervertida desde de que garantamos uma vida tranqüila.

Diariamente somos confrontados com a ética e a corrupção em maior ou menor grau. A escolha depende exclusivamente de nós. Do troco errado à mais que aceitamos e não avisamos, do jeitinho em levar alguma vantagem por menor que seja. Até em preservar o meio-ambiente, prevalece para muitos a conveniência. Não faltam ambientalistas de ocasião. Não dá para separar a ética da corrupção. Se, mesmo em algum momento, a fazemos "mais flexível", passamos à ter o nosso preço. E na maioria das vezes é bem baixo...

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Sonhos de Criança: Pense Nisso!

Mais triste do que ver uma criança sem infância é ver os seus sonhos virarem pesadelos. É isso o que ocorre a uma criança vítima da pedofilia erótica.

Primeiro que infância é sonho, é a nossa capacidade de sermos quem quisermos quando crescermos. Até mesmo super heróis. É imaginar vidas fantásticas e até mesmo aquele amor idílico, coisa de criança. Quem não se apaixonou por aquela(e) amig@ mais velh@ d@ sua(eu) irmã(o)? E por maior que sejam os apelos de nossos dias - em especial a erotização da infância - os sonhos sempre permanecerão pueris.

Segundo, como bem frisou o e-meritíssimo Jorge Alberto Araújo:

"...a vítima do crime não tem condições de consentir e, portanto, ainda que não realizada de forma física, é presumida."

Portanto, por maior que sejam as pretensas desculpas que os pedófilos eróticos queiram dar, não podemos compactuar de forma alguma com sequer a idéia. Lembre-se que, mesmo atrás daquela imagem que chegou até você, existe uma criança sequestrada, freqüentemente em cárcere privado, violentada e cujos sonhos se transformaram em pesadelos. Estas crianças, dificilmente terão uma vida adulta normal, atormentadas que serão sempre, não apenas pela violência sofrida mas pela mácula moral que, injustamente, a nossa sociedade ainda impõe.

Para saber mais veja, a Luma Rosa tem um post bem completo sobre o assunto. Visite-o.