domingo, abril 29, 2007

E se o Bill Gates fosse brasileiro



A idéia para esse post surgiu desta mensagem publicada no Via6. O site de relacionamento tem uma proposta interessante e existem muitas boas discussões lá atualmente. O site inclusive tem outros veículos também pioneiros no Brasil em termos de colaboração e divulgação de notícias.
O que me chamou particularmente a atenção foi o conteúdo dos posts publicados em sua maioria solicitando maiores informações sobre a "multinacional" em questão e muitos inclusive se candidatando.
Em um dos últimos, um "escolado" consultor de RH alerta para a possibilidade de ser Marketing de Corrente. Para terminar o Bruno Alves no artigo em seu blog deu o empurrão que faltava. Ponto final. Parágrafo.

Acredito que a questão empregabilidade deveria ser mais discutida que a dispobinibilidade de empregos. A princípio, emprego não significa necessariamente trabalho mas, efetivamente, estabilidade mesmo que temporária. E me parece que no Brasil a estabilidade tem um apelo maior que a realização de se construir algo. É engraçado olhar as descrições de algumas empresas e perceber que as pessoas, mesmo a frente de seus próprios negócios, costumam deixar a porta entreaberta. Acho normal que estejamos sempre a espreita de novas oportunidades, mas acredito que devemos conquistá-las.
Assim se o Bill Gates fosse brasileiro, ele teria aceito a primeira oportunidade de emprego. Suas habilidades de "juntador" de tecnologias seriam úteis apenas em algumas poucas empresas, e o MS DOS tivesse apenas virado hobby nas horas livres, uma vez que aqui é muito difícil se investir em novas idéias.

Também não acredito na construção de carreiras. Acredito na construção de vidas que estão dedicadas a alguma coisa. A realização pessoal e profissional não andam dissociadas e, cada vez mais, isso começa a ser percebido. No entanto, a construção de qualquer coisa depende de dedicação, persistência e disciplina. E, acontece, que nem sempre temos as condições para fazer sacrifícios.
Empreender é um talento. Um dom que algumas pessoas recebem. Sim, pode ser desenvolvido, despertado, mas existem os empreendedores natos. Uma vida na maioria das vezes, não uma carreira. Não importa o negócio. O maior orgulho de um profissional não deve se dar necessariamente pelo reconhecimento - embora isto seja bom para aquele cara chamado ego.
Assim se o Bill Gates fosse brasileiro, talvez ele tivesse criado sua própria empresa, que com a escassez de investimentos passaria a ser mais uma prestadora de serviços do que desenvolvedora de soluções. Com a sua habilidade em marketing, talvez tivesse aparecido e descoberto o "rico" universo das estatais para onde forneceria serviços, sem ser incomodado pela qualidade e eficácia dos mesmos.

Acredito no profissionalismo e consequentemente em valores como a ética, competência e perseverança. Necessariamente o profissionalismo nem sempre foi valorizado no Brasil. Você vale muito mais pelo que pode fazer do que pelas suas idéias. Acho importante fazer acontecer. É essencial para que uma idéia venha ser efetivamente desenvolvida. Mas aqui o retorno financeiro sem investimento é mais valorizado que o investimento propriamente dito.
Assim se o Bill Gates fosse brasileiro, as linguagens de computação de primeira geração apenas teriam sido devidamente maquiadas, e a agregação de valor ao serviços seria mínima. Mas graças ao lucro exagerado obtido pelo baixo investimento, ele seria considerado competentíssimo e teria crescido no universo empresarial brasileiro e, hoje, talvez até fosse ministro.

Acredito no conhecimento. No aprendizado. Na formação contínua. Não somos simples repositórios de informação. Só através do confronto de várias teorias somos capazes de ser eficazes em sua aplicação na prática. E a prática só se obtém através da análise científica, que precisa de tempo, investimento e de empresas dispostas a tentar.
Assim se o Bill Gates fosse brasileiro, jamais ele teria contribuído com algo novo que pudesse criar um novo paradigma e talvez houvesse se tornado apenas um professor obscuro em universidade qualquer.

É importante frisar para aqueles que se aventuraram a ler este post, que a figura do Bill Gates foi utilizada pela sua imagem de empreendedor e suas qualidades e virtudes, que infelizmente, só são valorizadas lá fora.

Um comentário:

Jerry disse...

Olá Rodrigo.

Queria agradecer pelo convite para o Joost. Sinceramente não tinha mais esperanças de conseguir um. Obrigado mesmo.

Gostei muito do seu blog também e já coloquei um link para ele no meu.

é de manhã aqui na Austrália e ainda etsou no trabalho, mas não vejo a hora de chegar em casa para instalar e assistir.

Valeu mesmo.

Um grande abraço.