sexta-feira, abril 27, 2007

Seremos Os Senhores das Moscas?


Um tema tem sido recorrente no meu blog predileto, o Querido Leitor da Rosana Hermann. O do humor e da crueldade.
Em um dos seus últimos posts ela chega a conclusão de que não há humor sem maldade.
Pensando no assunto, já desde que o tema veio à tona há alguns dias, me lembrei do ótimo livro O Senhor das Moscas de William Golding .
Vale a pena dar uma olhada rápida neste excelente resumo da wikipédia mas, em última análise, a estória aborda que o mal é instintivo ao ser humano.
Ok. Se concordarmos com isso vivemos eternamente em um debate entre o bem e o mal, correto? Sim, mas para tanto temos a consciência e suas diversas "instâncias", volupiosamente estudadas pela psicanálise.
O bem e o mal convivem, mas o resultado está nas nossas ações, naquilo que efetivamente realizamos. É maldade rir da Dona Sônia em seu vídeo? Não acredito. Maldade seria menosprezá-la e sinceramente ela da a maior lição daquilo que falei em a Indescritível Tristeza do Ser: Ela é divina ao rir de si mesma, pois a alegria e o riso são divinos quando naturais.
Quando resolvi ver o vídeo, quis saber mais da Dona Sonia, e surpresa ao saber que ela foi capaz de rir si mesma.
Meu pai conta uma estória engraçada: Um daqueles graduados com várias estrelas da época da ditadura militar, tinha extrema dificuldade em falar AEROPORTO. Invariavelmente, saía:
AREOPORTO. Até onde sei, ele não mandou prender ninguém por rir de sua dificuldade, mas ele tinha a capacidade de rir de si mesmo. E sem dúvida se divirta com as situações inusitadas (quem teria coragem de corrigi-lo?).
Se somos capazes de rir de nós mesmos, podemos rir dos outros. Não há maldade. Maldade, é aquilo que não queríamos para nós.

Na charge acima (cortesia de Sedentário & Hiperativo), um exemplo daquilo que estou tentando dizer. Há maldade em reconhecer nosso erro pela tragédia que vitimou 33 pessoas?
Acredito que não, pois só ao reconhecer nossas limitações somos capazes de superá-las. Mesmo que tentando. E nisto, a natureza tem dado uma força: Não temos tempo limite. Pelo menos até agora.
Portanto, podemos rir quando somos capazes de rir de nós mesmos. Podemos rir, se o nosso bom senso for capaz de identificar o limite entre o bem e maldade.
Enfim rir não é maldade.

2 comentários:

ANDRÉIA disse...

Postei um video da TV Pirata, que utilizava o humor pra falar de uma coisa séria, o racismo.
Resultado: ouvi reclamações.

Rodrigo Villasboas disse...

Infelizmente. Qual a diferença entre as pessoas? Racismo é aquilo que não queríamos por nós mesmos a partir das questões estabelescidas na cultura e na sociedade. Sou mulato, e daí?