terça-feira, setembro 11, 2007

Para não dizer que não falei de M...

No post do Silvio Meira desta semana ele traz uma idéia sobre o uso dos sistemas de recolhimento de esgoto como forma de viabilizar a inclusão digital em banda larga. Fora a percepção dele, sempre apuradíssima como o ritmo do maracatu, impressiona a imagem que ajuda a ilustrar a idéia.
Fui ver no site de origem, e fiquei estupefato com a dimensão da obra. Mais ainda com o fato de que o primeiro sistema de esgotos no Japão data de 2.200 anos. Já havia acompanhado a construção de sistema semelhantes no Brasil, mas essas mostram um conceito que mexeu com a minha imaginação e deu origem a esse post.
Como disse, já acompanhei sistemas semelhantes no Brasil, em sua maioria bastante modestos, não passando de um monte de canos enterrados que levam o esgoto para... o curso d'água mais próximo. Ou então para estações de tratamento, em sua maioria bastante humildes em tamanho ao contrário dos custos... .
Mas não é isso o que gostaria de falar, embora esteja implícito. Existe no Brasil uma idéia generalizada que os políticos não investem em saneamento porque obra debaixo da terra o eleitor não vê. Na verdade a referência feita pelo Sílvio em relação ao impacto do saneamento na redução dos custos com saúde é uma verdade universal. Mas estamos acostumados a tratar a maioria da nossa população como ignorantes (Isso nós, porque os políticos tratam a todos como imbecis), nos esquecendo que as vezes a simples demonstração de causa e efeito mostra resultados surpreendentes. Raramente após a conclusão de uma obra é feita a divulgação de seus resultados (tudo bem, pois aqui a maioria das obras só traz resultados para os envolvidos), como por exemplo, a redução nos casos de determinadas doenças após a conclusão de um sistema de saneamento.
Verdade seja dita: A nossa memória é mais curta do que parece, pois somos incapazes de ligar os efeitos com as suas causas. Só estamos preocupados com o presente. Não planejamos, porque somos incapazes de analisar (e avaliar) o passado, daí sequer sabermos o que quer dizer essa palavra de fato.
Estamos destinados a ser o eterno gigante adormecido, mas estamos longe de sermos tão grande quanto querem nos fazer crer e mais longe ainda de estarmos adormecidos. Somos coniventes, pois nosso egoísmo nos leva apenas ao final do dia. Nosso passado é apenas estória e não história, pois não aprendemos com nossos acertos e muito menos com os nossos erros.
Infelizmente, tal como as pragas, a nossa extinção é pouco provável pois nos reproduzimos mais rapidamente do que somos aniquilados. Talvez por isso não estejamos preocupados em eliminar a nossa sujeira, muito menos em esconde-la pois, tal como certas pragas, vivemos dela.

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