quarta-feira, janeiro 03, 2007

Expectativas

Quarta-feira. Boa parte da ressaca da posse dos governantes deve estar passando por aquele efeito da bebida que transforma a alegria em dor de cabeça. E piores que as medidas tomadas de porre, são aquelas tomadas de ressaca.
No entanto uma coisa me surpreende em todos os discursos ouvidos até agora: A ignorância dos nossos homens públicos em relação aos reais benefícios da Tecnologia da Informação para resgatar a transparência e a eficácia da gestão pública. Por favor, não me entendam mal. Não se trata de um discurso ou comentário de um vendedor de solução tipo ERP que não vende mais para o setor privado e então vamos enfiá-lo goela abaixo do setor público.
Trata-se, de verdade, de uma reflexão sobre as diversas questões que envolvem a confusa relação das tecnologias da informação com os vários setores do poder público.
Em primeiro lugar a falta de esforços reais e efetivos na adoção de uma política única e realista com relação as necessidades dos vários entes do estado e nas diversas esferas em termos de tecnologias da informação. Algo como um macro plano estratégico de TI. Sugestões, práticas de referência, etc. Temos vários órgãos federais que há tempo discutem à mesma coisa, mas disputam mais entre si do que discutem para chegar à um consenso. Exemplos: Software livre.
Em seguida a possibilidade de se formar um ranking nacional de empresas qualificadas. Tipo um selo, mas com a confiabilidade que, por exemplo, o INMETRO consegue dar ao seu. Só aí conseguiriamos começar a separar o joio do trigo. Auditores, poderiam verificar tudo, baseado em questionários de melhores práticas, da implantação à produção.
A idéia de se criar nas diversas esferas cursos para formação de analistas com visão de gestores de TI e não de "micreiros", envolvendo noções de gerência de projetos, análise de processos de trabalho, SOA, ITIL, APF, etc, também deve ser considerada.
Tudo isso, é claro, administrado por gestores realmente comprometidos que estabeleceriam metas claras e objetivas à serem atingidas em determinado tempo (embora meta já envolva o conceito tempo).

Na verdade não nos faltam bons exemplos. A Receita Federal é um deles. O processo eleitoral coordenado pelo Tribunal Superior Eleitoral, outro. Se formos analisar pormenorizadamente cada um deles vamos observar que cada uma das idéias acima estava presente em sua execução. É claro, tiveram os seus percalços, mas é com eles que enriquecemos a nossa gestão de riscos.
É claro, cada um deles tinham objetivos muito claros: Se não podemos controlar a aplicação dos recursos pelo menos vamos controlar o ingresso da receita...
Mas sem ironias, pensemos bem: Sofremos hoje com a questão da corrupção desenfreada. Isso não é só problema aqui, e as tecnologias da informação tampouco irão resolver isso, mas a eliminação da impunidade sim. No entanto, se uma coisa as tecnologias da informação podem contribuir realmente é com a publicidade.
A padronização de processos de trabalho, a definição clara de regras de negócios, o estabelecimento objetivo de metas, gerenciados em sistemas informatizados podem dar relatórios precisos à qualquer tempo da gestão. Temos aí a transparência. A informação antes do final de uma obra se os objetivos intermediários estão sendo estabelecidos, não estaria restrita aos seus fiscais (se houvessem) mas poderiam ser vistas pelos gestores responsáveis e pela população em geral. Todos nós seríamos fiscais, com uma diferença, teríamos informações que comprovariam ou não a má administração e aplicação dos recursos advindos dos nossos impostos.
Está lançada a idéia. Mas, por favor, que não fiquemos discutindo-a ad aeternun, por que aí vou começar a concordar com opinião de alguns: Não temos jeito, a culpa é do povinho que colocaram aqui...

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